Pensamento da semana
A paz que você procura está
no silêncio que você não faz.
- Sabedoria popular
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Ela vem de Magdala. Sua busca apaixonada a conduziu longe dela mesma, de sua identidade e de sua comunidade. Maria Madalena deixou sua alma e caiu na plenitude do mal e perdição. Lucas evoca de maneira muito sóbria a escravidão desta mulher «da qual sairam sete demônios» (Lucas 8,2) e que agora segue Jesus através cidades e aldeias. O texto enfatiza sua libertação radical e a vocação de discípula como os doze apóstolos.
Testemunha privilegiada da sua pregação e de suas curas, ela tem o olhar afinado das pessoas que muito sofreram e que habitam ao mesmo tempo sua pequenez e o essencial. A tradição popular lhe emprestou desde sempre os traços da pecadora perdoada que derramam lágrimas de amor aos pés de Jesus. Em todo caso, Maria Madalena tinha deixado tudo de sua vida anterior para captar o Amor que nunca mais a decepcionará. Como a bem-amada do Cântico, ela busca «aquele que seu coração ama» (Cant. 3,1-3). Ela o acompanha de aldeia em aldeia, consagra-lhe seus bens, fica perto dele no caminho da dor. Ela permanece fiel ao pé da cruz, perto da Mãe imaculada, compartilhando o mesmo sofrimento e a mesma compaixão.
No dia depois do sábado, ela quer honrá-lo uma última vez, com sua ternura levando os aromatas para seu sepultamento. Cegada pela sua pena e pela busca do passado, ele não reconhece o sinal da passagem de Deus na pedra enrolada. Jesus ressuscitado a interpela. Para encontrar o Vivo, ela deverá, como a Bem-Amada do Cântico, ultrapassar os sinais anunciadores de sua presença, deixando-se remover do sensível ao espiritual. É lá, no centro do seu coração, que Jesus a faz nascer toda inteira à Vida, chamando-a do nome novo que só ela conhece (Apoc. 2,17), nome no qual ela descobre gravados os traços de fogo do Bem-Amado. Doravante, Maria Madalena irá levar aos seus irmãos a notícia comovente do Senhor que nos precede na vida cotidiana.
Maria Madalena, tu proclamas diante todas as mulheres que o Amor irreversível manda longe os demônios que nos guardam presas. Que não existe amor verdadeiro senão o que foi purificado pelo grande perdão. Que o ardor da procura leva em caminhos de intimidade única onde o Senhor ressuscitado transfigura por dentro o ser que ele encontra. Que antes mesmo de falar nele, tua pessoa transmite a alegria da ressurreição. E que a alegria do encontro que tu buscavas sem cansar, apegada ao passado, te foi dado de outra maneira na missão de hoje : « Vi o Senhor, e eis o que ele me disse!» No jardim do Amor, oração e engajamento são vividos a partir de um mesmo sopro portador do divino !
Palavra de Deus : Lk. 8, 1-3; João 20, 11-18
Céline Comeau, sjsh