Pensamento da semana
A paz que você procura está
no silêncio que você não faz.
- Sabedoria popular
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Na sessão de animação espiritual tendo como grande tema : Apaixonadas pelo Deus de Jesus Cristo, apaixonadas pela vida, Maria de Magdala propus-se à nossa busca contemplativa. Sua paixão por Jesus nos é evidente.
Vários aspectos de sua vida já nos são familiares:
- Sua libertação de sete demônios, cura na raíz de seu ser e de sua identidade de mulher. (Lucas 8,2)
- Sua maneira de seguir Jesus desde a Galiléia, consagrando-lhe seu tempo, sua disponibilidade interior e até seus bens. (Lucas 8,3)
- Sua fidelidade a Jesus até no seu sofrimento e sua morte atroz, ao lado de Maria, em pé perto da Cruz. (João 19, 25)
- Sua busca entristecida perto do túmulo vazio e seu encontro inaudito com o Jardineiro que a chama pelo seu nome e a envia em nissão. (João 20, 11-18)
Muitas vezes, não vamos mais longe, não sabendo bem qual é esta missão. O Evangelho de João que testemunha da Aparição de Jesus a Maria de Magdala, usa expressões misteriosas no versículo 17 de João 20 :
Não me toques ! Va encontrar meus irmaos e diga-lhes : subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus. Maria de Magdala vem anunciar aos discípulos : «Vi o Senhor e eis o que ele me disse.»
Nas minhas buscas no internet, fiquei surpreendida da influência que Maria de Magdala teve na Igreja primitiva e ainda tem sempre mais hoje. Numerosas lendas desenvolveram-se ao seu respeito na França assim como no Oriente. Centenas de sites falam nela. Atribui-se a ela seja a evangelização da Provence, seja uma vida de penitente e contemplativa numa gruta que se tornou célebre. Desde o 4° século, certos Pais da Igreja a proclamam a apóstola dos apóstolos. Mosteiros e numerosas igrejas, desde sempre, a tem como padroeira. Os Dominicanos a escolheram padroeira da Ordem. Mas o que nos diz o Evangelho neste assunto ?
A apóstola (ou a discípula) :
Pode-se certamente afirmar que Mateus e Marcos a consideram como uma apóstola no sentido amplo quando falam de um grupo de mulheres, incluindo Maria de Magdala, que seguiam e serviam Jesus desde a Galiléia (Mat 27, 55-56 ; Marcos 15, 41). Encontra-se aqui a expressão de Jesus que chama um apóstolo : Vem, segue-me ! Lucas, do seu lado, coloca de uma forma igual o grupo dos Doze e « algumas mulheres cuja Maria chamada a Magdaleiana, que estavam com ele quando ele caminhava e pregava através cidades e aldeias » (Lucas 8, 1-3)
Seguir Jesus, servi-lo, estar com ele: tal é o caminho do discípulo cujo ideal é assemelhar-se com Jesus, o Servidor. Que maneira linda para os evangelistas proclamar a grandeza incrível, ouso dizer, da vocação da mulher e afirmar que nela a ação mergulha mais naturalmente na interioridade ! Eis em três palavras: seguir, estar com, servir - a concepção evangélica da missão. Nesta via, Maria de Magdala abre o caminho para todas as mulheres.
A apóstola dos apóstolos :
Eis sem dúvida porque, na manhã da Páscoa, Jesus lhe aparece em primeiro lugar. Todos os evangelistas a chamam como fazendo parte do grupo de mulheres que foram ao túmulo desde de manhã cedo e que testemunham da ressurreição diante de Pedro, dos apóstolos e dos discípulos. Maria de Magdala devia estar, com efeito, muito conhecida dos homens e das mulheres discípulos que, como ela, seguiam Jesus desde a Galiléia. Marcos e João a destaam como primeira mensageira da ressurreição. João sobretudo lhe dá um lugar bem a parte descrevendo sua caminhada para a fé pascal num encontro transtornador com Jesus, seu Rabbouni que ela proclamará em seguida como o Senhor.
Sua missão pascal :
Então o que diz Maria de Magdala aos discípulos? «Eu vi o Senhor e eis o que ele me disse.»Jesus é vivo ! Eu o vi. Eu o escutei. Eu o encontrei no Jardim. Do jeito como pronunciou meu nome, eu me senti única, amada, recriada, virada de fora para dentro de mim, chamada a encontrá-lo pela frente, eu que me fechava nas minhas lembranças, no meu luto, e até naquilo que acreditava ser fidelidade e gratidão. Recebi tudo dele, vocês o sabem muito bem, vocês que me conhecem desde a Galiléia. Eu o contei muitas vezes para vocês. Mas hoje, eu me amo muito menos e eu o amo, Ele, sempre mais.»
«Eu vi o Senhor». (Ver e crer fazem uma coisa só para João. Os olhos do coração levam todo o ser). Desde a Galiléia, eu tinha-me apegada profundamente ao meu Mestre, ele que tinha curada da plenitude do mal que me prendia fora de mim. Eu lhe tinha dedicada toda minha vida, todo meu amor. Estava testemunha cada dia de suas palavras de misericórdia : « Eu também não te condeno, va, não peca mais », e tantas outras palavras de libertação. Fiquei muito comovida pelas Bem-Aventuranças proclamadas aos mais pobres dos quais eu fazia parte... Portanto estava no meu lugar, ao lado de Maria, sua mãe » (Todos os filmes sobre Jesus a mostram acompanhando Maria). Poderia-se continuar a enumeração dos fatos e gestos de Jesus dos quais Maria de Magdala foi testemunha).
Eis o que ele me disse : « Subo para meu Pai e vosso Pai »
«Mas ainda precisava que cessasse de apegar-me a uma visão humana demais de sua pessoa, de sua maneira de ensinar, de sua intimidade, dos traços de sua voz, de seu olhar, etc. para que ele se revele a mim como o ícone do Pai : « Quem me vê vê o Pai». Antes, eu não enxergava verdadeiramente, eu via apenas o ser humano extraordinário que Jesus era ; agora meus olhos abriram-se : eu vi Jesus, o Filho, o Senhor, voltado para o Pai. Meu caminho foi longo e tive que me deixar revirar do passado para o futuro. » (Nunca Deus, está por detrás de nós.)
« Va dizer aos meus irmãos »
«Que alegria encontrá-lo ! Estendo as mãos para ele (como em muitas pinturas), mas Ele me leva para aqueles que Ele chama pela primeira vez « meus irmãos». «É através deles, na Galiléia de todos os dias, tu me descobrirás.» Se meu desejo de amar apaixonadamente me leva a primeira, após Maria, a dar minha vida no seguimento dAquele que passou o primeiro deste mundo para o Pai, é porque meu amor, doravante curado e divinizado por Ele, leva todos aqueles que o seguem e que Ele chama «meus irmãos», para o Pai que se tornou «vosso Pai».
« ... que eles me verão na Galiléia »
Jesus ressuscitado nos envia construir a vida fraterna no meio de nossos afazeres e nossas lutas cotidianas. Sim, tenho certeza disso agora : o Amor atravessa todas as mortes. Ele é vencedor cada dia na terra nos corações que se deixam trabalhar pela Palavra. »
« Desde a Ressurreição, meu nome simboliza a longa busca da humanidade que procura a luz e cujo coração encontra a paz somente quando a reconheceu : Rabbouni ! »
O que Maria de Magdala tem a dizer para nós, hoje?
- Que o corpo é a revelação da pessoa, de sua interioridade, de seu mistério.
- Que a verdadeira liberdade é aquela que se engaja até o fim, ao contrário dos discursos tão espalhados atualmente.
- Que o testemunho das mulheres pode às vezes ser interpretado como disparate. Jesus continua assim mesmo a escolher-nos como primeiras mensageiras da vida nova.
- Que nossa palavra de compaixão e misericórdia num mundo ferido encarna a presença do Ressuscitado que chama cada pessoa pelo seu nome.
- Que nossa paixão pela vida caracteriza nossa maneira de ser discípulas de Jesus. Ela inspira nossos gestos de presença às pessoas nos momentos importantes de sofrimento e alegria.
- Que a pedra que fechava o túmulo foi para sempre tirada, embora nós acreditássemos que ela fosse muito grande (Marcos) e impossível ser manipulada. A nós pertence buscar que pedra nos impede encontrar o Vivente.
- Se partilharmos o sofrimento e o questionamento do povo, poderemos igualmente partilhar com ele nosso encontro com o Senhor ressuscitado. Estamos chamadas a partilhar nossa fé.
Que possamos ser como Maria de Magdala mulheres da alvorada que partilham com seus irmãos e irmãs o triunfo da vida sobre a morte!
Céline Comeau, sjsh