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Ícone de São José

A iconografia é uma arte sagrada cujas origens voltam à era bizantina. Embora ela tenha havido um lugar importante nos cristãos católicos, há muito tempo são, sobretudo, os cristãos ortodoxos que preservaram esta tradição.

O ícone é a tradução visual da Palavra de Deus, o Evangelho em formas e cores. É o mistério de Deus que se revela, pelos olhos, para o coração.

O fundamento mesmo da iconografia é a encarnação de Deus. “Ninguém nunca viu Deus; é o Filho único, que está no seio do Pai, que o fez conhecer” (Jo 1, 18). “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14, 9). Jesus, de fato, é o ícone vivo do Pai. Os santos encarnam a presença de Deus na terra e são seus traços espirituais que devem ser revelados num ícone. É por isso que os ícones, em nenhum tempo, são seu retrato. Há uma ausência de naturalismo.

Os materiais, as cores, os traços, a gestual, as estruturas são simbólicos e respondem a regras estritas. Também o ícone se caracteriza pela ausência de sombra e a onipresença da luz; o ouro representa a luz divina, e os clareamentos nas vestes e na pele: a humanidade se impregnando da divindade.

Minha história pessoal com os ícones inicia nos anos 90. Entrei, por engano, numa loja de arte religiosa. Era numa época da minha vida em que, devo dizê-lo, tudo que tocava o religioso me chateava. Muito admirada, percebi que estava como “aspirada” por um ícone do Cristo Pantocrator. Estava como invadida. Pouco familiar com este tipo de acontecimento, decidi de comprar este ícone. Um pouco embaraçada de comprar “isto”, disse à vendedora brincando: “Ele quer vir na minha casa...” e ela me respondeu: “Senhora, a gente não escolhe os ícones, eles nos escolhem”. Finalmente encontrei um canto não muito visível da minha casa para expô-lo. Eu o esqueci... durante muito tempo. Agora eu reconheço que este ícone iniciou em mim uma brecha, brecha que não cessou de crescer para enfim permitir o acesso ao meu coração profundo. Era o início de várias mudanças.

Os ícones ressurgiram na minha vida em 2005 na ocasião de uma exposição onde fui literalmente apaixonada por eles. Então decidi de me investir. Embora sendo laborioso, eu gosto do aspecto técnico desta arte e por acréscimo os assuntos me fascinam. Em 2006, após uma pequena busca sobre são José, decidi de escrever o ícone. O desenho foi composto por um mestre-iconógrafo, Alexander Sobolev.

O que representam os símbolos:

  • Os dois dedos do Cristo que nos abençoa: a dupla natureza do Cristo, humana e divina
  • Os três dedos do Cristo que se dobram para o interior: a Trindade
  • Os raios dourados sobre a veste do Cristo: o Cristo em Gloria. Segundo Michèle Lévesque, teóloga-iconógrafa do instituto Périchorèse, é o Esplendor que relembra a Transfiguração onde os Raios saem do corpo do Cristo para penetrar todo o Cosmos para Transfigurá-lo nele
  • Os santos têm raios sobre as vestes porque eles entraram na Glória de Deus e irradiam Sua Santidade
  • A mão esquerda de são José coberta de um tecido: o respeito para com o Cristo
  • O lírio: a pureza de José
  • Todas as cores têm uma ou várias significações. Por exemplo, o vermelho que se encontra em torno do ícone representa o Espírito Santo
  • O pergaminho que o Cristo tem na sua mão, representa o Evangelho.

    Ícone escrita por Élisabeth Bergeron, associada ao carisma s.j.s.h.
    A foto do ícone é de Dina Toutounji


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